sábado, junho 24, 2017

LAVA JATO: Penitenciária e refinaria inacabadas estão entre as obras em PE citadas nas delações da Odebrecht

De cinco empreendimentos, dois ainda não foram entregues. População já usufrui de outros três projetos, mas construções também tiveram repasse ilícito de valores.

Por Marina Meireles, G1 PE
 
Até janeiro de 2016, Centro Integrado de Ressocialização, em Itaquitinga, estava com obras paralisadas há cinco anos (Foto: Reprodução/TV Globo)

Além do pagamento de propina a políticos, as delações da Odebrecht na operação Lava Jato também trouxeram à tona o prejuízo causado pelo atraso de obras públicas. Das cinco obras citadas em Pernambuco, duas não foram concluídas e representam obstáculos para o avanço econômico, político e social do estado. As outras três, apesar de já finalizadas, também trazem, em seu passado recente, os atrasos na entrega motivados pela criação de cartéis ou de repasses financeiros ilícitos. Confira a situação das obras:

Penitenciária inacabada prejudica sistema prisional
Com as construções iniciadas em 2010, durante o mandato do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), o Centro Integrado de Ressocialização (CIR), em Itaquitinga, foi idealizado para ser o maior complexo prisional do estado, com capacidade para abrigar 3,5 mil detentos em 15 pavilhões. Após sete anos do início das obras, a penitenciária ainda não foi concluída e, por isso, deixa de cumprir seu papel de minimizar a superlotação no sistema penitenciário pernambucano – que abriga 163,9% a mais de detentos do que a atual capacidade, segundo dados da Secretaria Executiva de Ressocialização do estado (Seres) divulgados em abril.

Alguns meses antes do prazo para a obra ser entregue, em 2012, houve a falência da Advance, principal investidora do projeto, e a obra ficou inacabada. O que já havia sido concluído, no entanto, foi consumido pela ação do tempo: grades enferrujadas, mato no interior da construção e canos de PVC sem uso eram alguns dos elementos que integravam o cenário de abandono da obra.

À época, o sócio-diretor da Advance, Eduardo Fialho, afirmou que a empresa não faliu e que o governo de Pernambuco foi o responsável por não cumprir com o que foi acordado nos contratos e por ter introduzido a empresa sucessora, a DAG.
 Além da ferrugem, mato tomou conta de partes da área da penitenciária de Itaquitinga durante os anos de obra parada (Foto: Reprodução/TV Globo)


Na recente delação de Marcelo Bahia Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Benedicto Júnior, registrada na petição 6.706, há relatos de que a DAG Construtora ingressou no projeto após Eduardo Campos ter solicitado apoio à Odebrecht, em 2012, para auxiliar na construção do centro. Mesmo sem interesse de participar da licitação, a Odebrecht começou a fazer parte do projeto através da DAG.

A construtora DAG, no entanto, passou quatro meses no canteiro de obras – tempo utilizado para fazer uma limpeza na área. A saída da DAG, segundo Marcelo Odebrecht, ocorreu devido a problemas "escabrosos". Segundo ele, a concessão tinha conseguido um empréstimo do Banco do Nordeste e, um mês depois, tinha distribuído esse empréstimo como dividendos.

“Quando a gente viu, já tinha gasto uns R$ 50 milhões nesse processo. Quanto mais dinheiro, maior era o buraco. Chegou o momento em que a gente disse 'não tem jeito, Eduardo, não tem jeito'”, disse o delator.

Retomada das obras
Desde janeiro de 2017, operários da Construtora Carajás trabalham na finalização da obra (Foto: Reprodução/TV Globo)

Procurado pelo G1, o governo de Pernambuco explicou que já tomou uma série de providências para colocar o CIR em funcionamento. A primeira delas ocorreu em janeiro de 2015, com a edição de um decreto para intervenção no presídio, que teve o objetivo de ocupar provisoriamente o imóvel vinculado, preservar a segurança da obra, guardar e proteger a edificação e as instalações existentes e minimizar os prejuízos decorrentes da paralisação das obras. Também foram feitos levantamentos para apurar os prejuízos e adequar os projetos de engenharia para a contratação das obras necessárias para concluir a penitenciária.

Em março de 2016, o governo de Pernambuco decretou caducidade do contrato de Parceria Público-Privada (PPP), tendo, então, plena disponibilidade da edificação. Por ter sido iniciada através de uma PPP, em que o parceiro privado se encarrega de todos os custos de implantação do empreendimento, a administração estadual alega não ter gasto nenhum valor com o contrato. A administração estadual só tomou posse em 2016, com o decreto de caducidade.
 Após a retomada das obras em Itaquitinga, primeiro módulo da penitenciária está previsto para ser entregue até o fim de 2017, segundo governo de PE (Foto: Marina Meireles/G1)


Ao visitar as obras em abril de 2017, a reportagem da TV Globo constatou que há 120 funcionários da empresa Carajás trabalhando no local. Desde o início do ano, a construtora trabalha para finalizar o que estava inacabado.

Depois do afastamento do investidor privado, o governo alega ter decidido investir R$ 10,1 milhões para concluir o primeiro módulo do CIR. O espaço, com capacidade para mil presos em regime fechado, foi prometido para ser entregue ainda em 2017.

O edital de licitação para retomar as obras do segundo módulo do projeto foi publicado no "Diário Oficial do Estado" no dia 3 de maio. Com orçamento inicial de R$ 14,5 milhões para concluir as obras da segunda unidade, que terá capacidade para cerca de mil detentos, a expectativa é de que a obra seja iniciada no segundo semestre de 2017.
G1 entrou em contato com a DAG Construtora, mas a pessoa responsável por falar sobre as delações da Odebrecht não estava disponível.

Refinaria Abreu e Lima segue inacaba
Construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, foi anunciada em 2005 e até então não foi concluída (Foto: Reprodução/TV Globo)


Parceria entre Brasil e Venezuela, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizada no Km 10 da PE-60, em Ipojuca, no Grande Recife, foi anunciada em 2005 e tinha como objetivo refinar o petróleo venezuelano para ser vendido na América do Sul. O governo da Venezuela, no entanto, não cumpriu a sua parte, e o Brasil, por meio da Petrobras, foi o único a assumir a obra.

A construção foi iniciada em 2008 e, até hoje, não foi concluída. A previsão inicial de orçamento era de R$ 7 bilhões, mas, após cálculos refeitos pela Petrobras, o custo saltou para R$ 58 bilhões. Quase oito vezes maior do que o custo inicial, o valor inclui as propinas distribuídas ao longo da obra, segundo as delações dos executivos da Odebrecht.

Operando parcialmente desde dezembro de 2014, a Rnest, segundo a Petrobras, tem como objetivo principal produzir óleo diesel e viabilizar o atendimento da demanda de derivados das regiões Norte e Nordeste, para, dessa forma, diminuir o número de importações.

A refinaria tem somente uma das unidades de refino de petróleo funcionando, e a segunda etapa segue inacabada. Apesar de ter capacidade de refinar 230 mil barris por dia, a produção, atualmente, opera refinando 100 mil barris diariamente.

Segundo o governo do estado, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, informou ao governador Paulo Câmara, no dia 9 de maio, que a obra do primeiro trem de refino da RNEST será concluída, mas não informou data para o término das obras. A obra vai permitir um aumento de 15% na atual capacidade, localizada no Porto de Suape.

R$ 90 milhões em propina
De acordo com o ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, o consórcio formado pela empreiteira e pela OAS pagou uma propina de R$ 90 millhões para garantir os dois contratos em duas obras da refinaria. Procurado por Aldo Guedes, que, em 2008, atuava como representante de Eduardo Campos, Faria explica de que forma houve a solicitação do valor.

“Ele [Aldo Guedes] disse 'olha, vocês vão fazer a obra em Pernambuco, eu sou o único representante do governador Eduardo Campos e vim dizer que, a exemplo da obra de terraplanagem onde a Odebrecht era uma das participantes, houve uma contribuição para o governo'. Eu falei 'olha, nós ganhamos uma obra da Petrobras, mas tudo bem, a gente quer ter uma boa relação com vocês. Qual a sua demanda?' e ele falou 'eu queria 2%. Eu sei que o contrato de vocês é da ordem de R$ 4,5 bilhões, estou falando de R$ 90 milhões'", conta o delator.

propina teria sido solicitada por Aldo Guedes, interlocutor de Campos e do hoje senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que, na época das obras, era secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial de Suape. O valor dado aos dois, segundo a delação, seguiu a proporção de 1,5% a ser faturado pelas empresas do consórcio CBPO, OAS e Andrade Gutierrez.

Repasse financeiro ilícito em Suape
Delatores relataram irregularidades na construção do Cais 5 e do Píer Petroleiro no Porto de Suape (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ainda em Ipojuca, as delações também citam duas obras no Porto de Suape, localizado a cerca de 50 quilômetros do Recife. Nos depoimentos, os ex-executivos da Odebrecht citam as obras do Píer Petroleiro e do Cais 5, terminal de açúcar. As obras já foram concluídas e operam normalmente, mas nos depoimentos, os delatores revelam ter pago propina a representantes do governo de Pernambuco como contrapartida pelas obras da Odebrecht no porto.

Em sua delação, o ex-executivo Carlos Angeiras explicou que o dinheiro iria para o Cais 5 e o Píer Petroleiro e foi entregue a interlocutores do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e do senador Fernando Bezerra Coelho.

De acordo com o delator, a Odebrecht demonstrou, em 2008, interesse na Construção do Cais 5, mas não pôde entrar sozinha na licitação. Na época, o presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Aldo Guedes, se apresentava como representante do ex-governador Eduardo Campos e exigiu que a Odebrecht entrasse num consórcio com a Construtora OAS.

“Se não me falha a memória, nós [da Odebrecht] ganhamos a obra do Cais 5 com R$ 107 milhões e o valor do órgão era de R$ 109 milhões ou coisa parecida. Quando iniciamos o Cais 5, Aldo nos disse que dos 3% que a gente teria que pagar, 1,5% seria dado a Iran Padilha, que era secretário executivo de Fernando Bezerra Coelho. Em nenhum momento, tenho que ressalvar aqui também, FBC me falou de assunto de dinheiro, mas Iran Padilha, quando começou a receber, dizia que o dinheiro era para apoiar os prefeitos, os vereadores e deputados que faziam parte do grupo político de Fernando, logo a partir de julho de 2008”, disse o delator.

Em relação ao Píer Petroleiro, o ex-executivo João Pacífico explicou que foi procurado por Eduardo Campos em 2008. Na época, o ex-governador estava preocupado em cumprir os prazos da obra. “Como estávamos com uma obra a menos de um quilômetro de onde seria construído o píer, nós tínhamos uma vantagem competitiva muito grande.

“Quando o governador [Eduardo Campos] nos chamou, ele disse que nós tínhamos condições de executar a obra rapidamente e nos pediu para procurar Aldo [Guedes] para ver se havia o entendimento com outras empresas para que não haja nenhum tipo de questão judicial, para que não possa atrasar o início da obra e a sua conclusão. Aldo Guedes participou dessas negociações para permitir que se compusesse um consórcio, feito com base em quem tinha mais atestado de obras com aquela característica. Mais uma vez, estivemos presentes de forma diferenciada, ficando com 50% do consórcio. A OAS ficou com 25% e a Andrade [Gutierrez] com 25%”, relata.

Com custo inicial previsto para R$ 85 milhões, o Cais 5 custou, ao final das obras, R$ 125 milhões. No caso do Píer Petroleiro, o valor inicial de R$ 336 milhões saltou para R$ 365 milhões, segundo a assessoria de comunicação do Porto de Suape.

Por meio de nota, o senador Fernando Bezerra Coelho afirmou que as obras em Suape realizadas durante sua gestão como secretário de Desenvolvimento Econômico cumpriram as exigências da legislação no que concerne a licitação, contratação e execução de projetos.

Confira o posicionamento na íntegra:

"Fernando Bezerra Coelho afirma que todas as obras em Suape, durante a gestão dele, cumpriram, com extremo rigor, as exigências da legislação no que diz respeito à licitação, contratação e execução dos projetos. Caso autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a investigação – com a devida apuração dos fatos – comprovará a lisura das medidas tomadas por Fernando Bezerra, em Suape. A defesa do parlamentar reforça que todas as contas da campanha de Fernando Bezerra Coelho ao Senado foram devidamente apresentadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. E ressalta que nestes 35 anos de vida pública de Fernando Bezerra não há qualquer condenação em desfavor do senador, que sempre trabalhou, única e exclusivamente, pelo desenvolvimento do país e do estado de Pernambuco".

Propina também em arena da Copa
Arena de Pernambuco recebe partidas de futebol, shows e outros eventos de lazer desde 2013 (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)

Arena de Pernambuco recebe partidas de futebol, shows e outros eventos de lazer desde 2013 (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)

A obra do empreendimento, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, foi idealizada para receber jogos da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014. A construção teve início em 2010 e, três anos depois, o estádio começou a ser palco de partidas de futebol, shows e outros eventos de entretenimento, mas a conclusão da obra não anulou a investigação de fraudes nas licitações do projeto, supostamente cometidas pela Odebrecht e pelo governo de Pernambuco.

Segundo posicionamento do governo de Pernambuco enviado ao G1, a Arena de Pernambuco teve orçamento inicial de R$ 479 milhões, sendo considerada a mais barata do Brasil, se comparada aos outros estádios construídos para a Copa. No entanto, o custo subiu para R$ 532 milhões devido ao tempo de execução do projeto.

Responsável pela obra, a Odebrecht pediu, ainda, mais R$ 264 milhões para garantir a entrega antecipada na Copa das Confederações, em 2013. Ainda de acordo com o governo estadual, esse valor não foi aceito, não foi pago e a questão foi para a Justiça.

Em agosto de 2014, a Arena de Pernambuco foi alvo de uma operação da Polícia Federal denominada ‘Fair Play’, que investigou uma projeção de superfaturamento de R$ 42,8 milhões na obra. Na época, a PF suspeitou que o superfaturamento tenha ocorrido em razão de uma avaliação equivocada dos terrenos, já que o contrato englobava toda a área que circunda o estádio.
 
Arena de Pernambuco passou três anos para ser construída (Foto: Henrique Zuba/TV Globo)
De acordo com relato de 2014 do delegado da PF Felipe Leal, à frente das investigações na época, houve subavaliação de terrenos, o que fez com que o empréstimo do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fosse maior do que o necessário.

Em 2016, após formalizar a rescisão consensual do contrato de concessão administrativa da Arena, o estádio passou a ser administrado pelo estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer. A rescisão foi determinada pelo governador Paulo Câmara no mês de março do mesmo ano, após um estudo técnico da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A negociação foi conduzida pela Procuradoria Geral do Estado.

Para rescindir o contrato, o governo do Estado se comprometeu, durante anúncio feito em junho de 2016, em realizar o pagamento de R$ 246 milhões à Odebrecht. O valor seria pago no prazo de 15 anos. Na época, o procurador-geral do estado, César Caúla, explicou que a rescisão foi consensual, o que implica num valor menor a ser pago pelo governo. A negociação entre a administração estadual e a antiga mantenedora do equipamento resultou num prazo maior para o pagamento da quantia.

Em abril de 2017, o governo de Pernambuco também alegou ter homologado três empresas para realizar o estudo de viabilidade técnica, ambiental, econômico-financeira e jurídica do espaço. O resultado deste estudo, de acordo com a administração estadual, vai servir como base para a definição do melhor modelo de concessão do empreendimento e para propor os moldes do edital de licitação para a contratação do próximo gestor privado do estádio.

Somente em 2017, a Arena de Pernambuco recebeu 11 partidas de futebol. Nas cinco últimos jogos, a média de público foi de 7,2 mil pessoas, apesar de o local comportar 46 mil pessoas e de haver esquemas de mobilidade que envolvem metrô e ônibus para levar os torcedores ao estádio.

Desde que a administração estadual assumiu o empreendimento, a Arena também recebeu 53 eventos multiuso, entre reuniões comerciais, eventos corporativos e Domingos na Arena, iniciativa de lazer que disponibiliza o espaço para a prática de esportes. Nos três eventos realizados entre os dias 2 e 16 de abril, a média foi de 8,5 mil pessoas.

Pirapama
Barragem de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, integra o Sistema Pirapama, entregue no fim de 2011 (Foto: Reprodução / TV Globo)

Localizado em vários endereços no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, o Pirapama é o maior sistema de abastecimento de água de Pernambuco e produz 5.130 litros de água por segundo, de acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

Apesar de a última etapa do projeto ter sido inaugurada há quase seis anos, o ex-executivo da Odebrecht, João Pacífico, relata que houve indícios de crimes praticados por executivos de diversas empresas de construção, que abusaram de seu poder econômico e formaram um ajuste para a fixação artificial de preços relativos à obra, nos anos de 2007 e 2008.

De acordo com o governo de Pernambuco, o empreendimento começou a ser implantado em março de 2008. A obra foi executada em três etapas, sendo a primeira delas concluída em julho de 2010, e a segunda finalizada em outubro do mesmo ano. A terceira e última etapa foi inaugurada no fim de 2011.

Os mais de 5 mil litros de água produzidos por segundo pela obra representam um incremento de 50% na produção de água da Região Metropolitana do Recife. O sistema beneficia cerca de 3 milhões de moradores do Recife, Jaboatão dos Guararapes e do Cabo de Santo Agostinho. Os habitantes das cidades de São Lourenço da Mata e Camaragibe, também na Região Metropolitana, são beneficiados indiretamente pelo empreendimento.

Na época da construção, o custo da obra foi orçado em cerca de R$ 600 milhões. O valor seria viabilizado através de parceria entre os governos estadual e federal por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Procurada pelo G1, a Compesa informou, no entanto, que o valor da obra foi de R$ 630 milhões.

Em seu depoimento, Pacífico ainda relata que o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o presidente da Compesa à época, João Bosco Tavares, estavam cientes sobre esse ajuste, consentiram e, possivelmente, agiram para a sua concretização. O relato é corroborado por Carlos Angeiras, que, na época, era Diretor de Contrato e subordinado de Pacífico.

Pacífico relatou ainda que o então governador Eduardo Campos – cujo apelido era "Neto” –, e seu interlocutor, Aldo Guedes, solicitaram e receberam, a pretexto de campanhas políticas, vantagem indevida consistente em 3% do contrato para a Odebrecht, entre os anos de 2007 e 2012. A soma seria de R$ 5 milhões. A princípio, a Odebrecht teria reclamado do valor, mas depois de uma negociação, a empresa concordou em pagar o percentual.

Respostas
Por meio de nota, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) informou que reafirma a confiança em todos os filiados mencionados nas delações e alega que todos eles pautaram suas condutas pelo respeito à ética e ao ordenamento jurídico. “Com o aprofundamento das investigações, as atuais acusações serão descartadas em face da inocência comprovada”, diz o texto.

Ainda segundo o posicionamento, o PSB reafirma “sua solidariedade à família do nosso ex-presidente nacional Eduardo Campos, citado sem condições de se defender, e declara sua decisão de atuar em todas as instâncias para que seu nome e sua honra jamais sejam maculados”. Campos morreu em um acidente aéreo em 2014, quando era candidato à presidência da República.

Procurada pelo G1, a Odebrecht também se pronunciou através de nota, em que alegou entender que é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos e afirmou colaborar com a Justiça no Brasil e nos países que atua.

A empresa também menciona já ter reconhecido seus erros, ter pedido desculpas públicas e assinado um Acordo de Leniência com autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Ainda no texto, a Odebrecht assegurou estar comprometida a "combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

Procurado pelo G1, o advogado de Aldo Guedes, Ademar Rigueira, afirmou, por telefone, que o seu cliente “nega as acusações em qualquer ingerência nas licitações ou interferência nas obras citadas nas delações da Odebrecht. Aldo era presidente da Copergás e a sua atuação no setor público via respeito, exclusivamente, as atribuições no cargo que ele ocupava”, disse.

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